sábado, 10 de agosto de 2013

Mulan e o Machismo/Feminismo - A opinião de quem não é influenciado pela mídia.





Eu sei que vou mexer com quem tá quieto, mas tanto faz, eu nunca liguei muito pra isso.

(Eu não corrigi o texto, só quis contar como foi a aula hoje e porque não devemos subestimar as crianças)


Hoje eu levei o computador pra aula porque eu tenho uma atividade sobre o folclore instalada nele e na escola que trabalho pela manhã eu não tenho tanta facilidade de locomover o projetor, então foi pelo note mesmo. Foi bem legal... Enquanto esperávamos todo mundo chegar falamos sobre notícias que apareceram naqueles jornais sensacionalistas que os pais assistem e deixam as crianças assistirem. Dai meu aluno falou que o pai dele recebia notícias via Twitter e, eles quiseram saber o que era já que estão familiarizados com o termo mas não sabem de fato para que serve. Resumindo (até pq não é isso que eu quero contar) eles tiveram a chance de twittar e escreveram basicamente palavras que eles sabem que estão certas...
O que acontece é que eu levei o computador para a outra escola onde eu não tinha nada planejado com ele. Frio, chuva, vento, poucos alunos, uma gritaria que abafava a chuva e eu enfiando lembrancinhas em saquinhos... Momento perfeito pras pestinhas de 6 anos enlouqueceram. O que eu fiz? Peguei um DVD, e deixei um filme rodando no note e não pedi silêncio, nem avisei que tinha um filme ali. 
O filme era Mulan. As meninas imediatamente se interessaram. Mulan não é do tempo delas e não é um filme que normalmente elas tenham interesse de ver. Mas como é uma “Princesa” da Disney elas se interessaram e começaram a ficar quietinhas e prestar atenção... O meninos vieram depois, quando viram que ia ter batalha. Começaram a aproximar suas cadeirinhas da mesa delas e em pouco tempo todos estavam prestando atenção. Não dá pra dizer que estavam quietos, porque eles discutiam e vibravam e perguntavam o motivo de muitas coisas: “Por que ela precisa casar? Por que ela não pode lutar? Por que o pai ficou com vergonha quando ela foi proteger ele?” e eles mesmos iam dando respostas bem características dos 6 anos que tem para responder as suas perguntas.
O interessante mesmo foi quando eles finalmente descobriram que Mulan era mulher e então o General devia mata-la. Depois de um início escutando, decidi anotar e a conversa ficou mais ou menos assim:
- Profe, o que ele vai fazer com ela? – Perguntou um menino.
- Ele tem que matar ela. – Disse uma aluna que já tinha visto o filme.
- Mas por que ele tem que matar ela?
Dai eu tentei explicar que essa história aconteceu num tempo em que ninguém podia envergonhar ou enganar um exército, ainda mais se fosse mulher. Os meninos ficaram revoltadíssimos.
- Mas ela não pode lutar professora?
- Não, não nesse exercito.
- Mas por que não se ela é a melhor soldado?
- Porque naquele tempo, os soldados deviam ser homens.
- Mas profe, se a melhor soldado era mulher, não deviam pegar outras mulheres pro exército ficar mais forte?
Não precisei responder, eles mesmos iam completando e dizendo que se botassem 82 mulheres (pra eles 82 é uma infinidade) resolvia o problema com os Unos. Enquanto isso o filme ia rolando e as meninas davam gritinhos vendo os Unos brotarem da neve. Mulan e seus amigos vão atrás do exercito para avisar.
- Viram, ela que vai salvar o dia de novo. – Disse outro menino.
- As mulheres sempre salvam o dia. – Dai foi uma linda muito inteligente e modesta que falou 




- É verdade, pq na minha casa, as coisas só dão certo quando tá a minha mãe. Meu pai se atrapalha todo, até o arroz ele queima, por isso é que ele limpa a casa. Mas a minha mãe não gosta, porque ele não limpa muito bem.
- E teu pai faz alguma coisa certa? – perguntei.
- Ele bota prego na parede, mas ele quebra tudo.
Shiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii.... O povinho pede silêncio. Mulan tenta pedir ajuda as pessoas que estão na multidão, mas os homens a ignoram por ser mulher e o seu guardião comenta sobre isso.
- Mas profe... por que eles não querem escutar ela?
- Porque ela é mulher. Eles acham que mulher não é capaz das mesmas coisas que os homens.
- Não é mesmo profe, minha mãe tem faculdade e meu pai só sabe abrir vidro de pepino, minha mãe disse isso.
- A minha mãe é inteligente, ela que resolve tudo.
- Profe, se as mães resolvem tudo, porque os homens pensam que são melhores?
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E o exercito chinês está vestido de mulher e sendo liderado por Mulan.
- Olha profe, ela é o melhor soldado!
As meninas continuam vidradas.
- As meninas são melhores. Ela brincam todo dia de uma coisa nova, a gente só joga futebol dai a gente enjoa e vai brincar com elas.
- Eu brinco com as meninas! Todos os dias quase. 
- Eu não acho que menina é mais legal, a gente joga futebol mas elas voltam do dia do brinquedo todas borradas de maquiagem. Elas tb só brincam disso.
- Não brincamos não!!! (Olha, apareceu uma menina no assunto, sempre com as orelhinhas em pé).
O filme continua e o imperador se curva diante de Mulan.
- Profe, acho que vou chorar... (Outr menina, lógico)
- Afff, é só um filme! – disse um menino sem coração 




- É bem feito pra eles né. Profe. Todo mundo é igual...
A conversa continuou, as meninas queriam beijo no fim e os meninos estavam intrigadíssimos ainda achando muito injusto não ter mulher no exercito. Eu fiquei ali pensando... Em que momento isso se perde? Essa admiração pela mulher e pela mãe...
Eu acho realmente, que nós, mulheres, é que nos perdemos. Cometemos um erro atrás do outro. Primeiro queremos ser independentes e respeitadas, e então botamos nossa vida na mão de um homem e o colocamos acima de tudo. Ou somos exigentes: precisa ter carro, apartamento e me levar pra jantar, pagar e abrir a porta pra mim.
Eu não entendo muito bem isso porque eu nunca me senti menor ou desrespeitada. Minha autoestima é bem bacana e eu não me sinto humilhada, desamparada, inferiorizada. Pelo contrário, me acho ótima. Sou inteligente, tenho estudo e nunca dependi de homem pra nada. Pago minhas contas, abro minhas portas e tudo isso em cima do salto e com a unha bem pintada.
Cada vez eu acho menos que as manifestações feministas do momento me representam. Chocar tirando a roupa ou berrando que a “XOX*** é minha”, gente, sempre foi minha, sempre fiz o que quis com ela e nunca liguei pros outros. Por que eu poria isso num cartaz? E é por não ligar que acho falta de pia ir berrar com as pitchola de fora, gritando palavrões porai pra provar que eu sou mais eu. Faço isso usando uma blusa linda, não porque eu sou escrava da moda e dos padrões que a sociedade mimimi... Faço porque posso, porque gosto e porque ninguém tem nada com isso e não ligo. Faço isso falando baixo, porque, já que tenho o que dizer, as pessoas me ouvem. Eu acho esse mundo muito estranho...
Então tá aí o meu protesto feminista. Vamos deixar que os meninos mantenham o pensamento de igualde. Vamos educa-los para que não sejam fracos e não se vendam a um sistema machista. E vamos dizer pras meninas que a gente sempre soube ganhar na atitude. Esse nudismo todo, na minha modesta opinião, é a mais pura falta de respeito com o nosso amor próprio 




No final teve a música “Seu coração” (Acho que é isso) de Sandy e Junior e todos dançamos. Meninos e meninas brincando juntos. Eu amo o que faço.

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